Alquimídia: Um conceito, uma filosofia, uma tag

Alquimia (da expressão árabe al Khen, “o país negro”), é uma antiga  tradição cultivada tanto no oriente quanto na Europa em que seus praticantes buscavam transmutar metais, fabricar o elixir da longevitude e encontrar a pedra filosofal em um processo chamado “A Grande Obra”.

Segundo alguns estudiosos, tais procedimentos envolvendo sublimação, destilação e coagulação eram na verdade a representação simbólica de uma busca filosófica de conhecimento e transformação pessoal.

Embora seja mais associada aos meios de comunicação, “mídia” é a adaptação da palavra inglesa media, que significa “meios”, ou seja, o que é transitório (em fluxo) e em transformação.
A alquimia das mídias é a convergência dos fluxos.

Solve et Coagula

A Alquimia  foi durante muito tempo, uma cultura que reuniu misticismo, arte e ciência e que  trouxe muitas contribuições para os conhecimentos que foram posteriormente separados em disciplinas como a física, astrologia e medicina no período positivista no século XIX, em que a ciência se fortaleceu com a perda de parte do poder clerical na sociedade européia.
 
As pesquisas até então censuradas começavam a ser desenvolvidas livremente, desdobrando a ciência em disciplinas especializadas como a sociologia, psicologia, microbiologia, etc.
 
Cada especialização possui um especialista diferente dominando somente aquela parte do conhecimento, chegando ao ponto de esgotar as pesquisas em determinadas especialidades.
 
A interdisciplinaridade é um movimento que surge no século XX como uma proposta de superação desta  fragmentação do conhecimento, realizando o inverso da ciência até então: partir do micro e retornar ao todo.
 
Com a aplicação da interdisciplinaridade na ciência, surgem novas disciplinas agregadoras a fim de compreender os  fenômenos que necessitam de mais de uma área de conhecimentos como a bioengenharia, por exemplo.
 
Em uma sociedade fragmentada, onde as fronteiras físicas e políticas se tornaram cada vez mais pulverizadas e a tecnologia tão importante a ponto de denominar o atual estágio de organização humana de “Sociedade da Informação”, a necessidade de integrar conhecimentos e práticas se tornou vital para a sobrevivência da espécie.

O Commons depende da Comunicação

Comunicar vem do latim communicare, que significa “tornar comum”. Uma comunidade deixou de existir apenas geograficamente no mundo globalizado, as comunidades são formadas pelos seus interesses, idéias e necessidades em comum. O Commons depende diretamente da capacidade de Comunicação dos indivíduos.

A informação desempenha um papel fundamental na produção de riquezas e na qualidade de vida de uma sociedade em que as relações humanas são cada vez mais mediadas por tecnologias e dispositivos digitais.

A consequência desta mediação é o comprometimento do exercício pleno da cidadania, que agora depende do conhecimento e empoderamento das tecnologias da informação e comunicação pelos indivíduos.

Todo o indivíduo não só precisa saber se expressar como também se conectar.

O Fim é o Meio

Mais do que a disputa de modelos prontos de sociedade é necessário oportunizar as soluções nas mais variadas áreas como a política, economia e a social; através do desenvolvimento de tecnologias que possibilitem a participação direta dos indivíduos nos fluxos organizacionais das comunidades.

A construção de uma plataforma de  inteligência coletiva baseada nos princípios da liberdade, privacidade, transparência, colaborativismo, universalidade, diversidade e neutralidade de rede, deve ser uma prioridade de todas e todos.

Esta inteligência será o meio mais adequado para o desenho de um ambiente de co-existência das diversas comunidades no planeta.

Fazer Alquimídia é colaborar com a inteligência coletiva estabelecendo e potencializando as conexões entre as mentes e sincronizando as falas em torno de problemas e soluções comuns.

Fazer Alquimídia é proporcionar espaços laborais de compartilhamento de informações e culturas e ressignificar símbolos estagnantes em memes e egrégoras dinamizantes.

Assim como na mitologia indígena, o ser humano é a “flauta em pé”, que só ganha vida quando é soprada por Tupã, fazer Alquimídia é o desejo de que a música seja sempre ouvida, até para quem não tem ouvidos.